30.9.09

Que revista você salvaria?



Fiquei muito satisfeita ao ler o debate da semana na It's Nice That, escrito por Jeremy Leslie. porque faz eco ao que escrevi na segunda-feira. Semana que vem o site lança o segundo volume da publicação bianual com o melhor de seu conteúdo online. Leslie aproveita esse movimento no contrafluxo do que se prevê, para falar do crescimento acelerado do mercado de revistas nas últimas décadas, sua saturação e duplicação de títulos com o mesmo perfil. Sobre a frequente previsão de extinção dos meios impressos – que para ele não deve ser o ponto central da discussão – ele fala que os meios de informação impresso provavelmente serão suplantados pelos digitais, mas que o cerne da questão é a qualidade do que se imprime.

"Not only is the mainstream magazine market saturated, it suffers from duplication. How many celebrity magazines, woman’s weeklies, men’s monthlies do we need? And things aren’t so much better in the independent sector. How many biannual fashion glossies can we deal with?"

"I believe that, in place of quantity, quality will come to the fore.
There will less magazines, but they will be better magazines."

Ele ainda diz que a questão é menos 'o fim do impresso' e mais 'o fim do impresso como nós conhecemos'.
Leslie finaliza com duas perguntas e eu repasso aos brasileiros:

Em nosso mercado editorial que revistas você salvaria? E quais cortaria?

28.9.09

A transcendência dos impressos através da arte





Vi recentemente nesse blog um texto mostrando vários artistas que utilizam livros e revistas como soporte para a arte. Ou designers, que ressignificam esses objetos dando-lhes outras funções além das que já possuem, como as banquetas abaixo, feitas de jornal.




O trabalho de Jacqueline Rush Lee é dos mais poéticos, tanto pelas pétalas que abrem esse texto quanto pelos fósseis desses antigos objetos de leitura, mostrados abaixo. A artista investiga o potencial expressivo do livro, sugerindo um nova narrativa.




Essa narrativa, em alguns momentos, conta uma história invertida — de como os livros tornam-se árvore – e me fazem pensar na morte dos meios impressos, declarada por entusiastas do universo eletrônico. Ela virá?





Desde que os processos digitais invadiram as gráficas, o custo e o tempo necessários para a produção de material impresso diminuiu, elevando o volume de papel circulante a um nível nunca atingido antes. Portanto, nossos livros e revistas estão mais vivos do que nunca, desmatando ou criando florestas inteiras de eucaliptos.





Parece que algumas pessoas acham criminosa essa ação de usar livros e revistas como suporte. Pensam que destruindo esse material de leitura, contribui-se para o desgaste de nosso ecossistema. Minha opinião é exatamente inversa, esses trabalhos nos fazem refletir: quantos impressos relevantes existem? Quanto lixo se produz? Quantos poderiam não existir?




Acredito na força do conteúdo, tema que percebo nesses trabalhos, tanto no canto do pássaro acima (cuja autoria desconheço) quanto na explosão do livro História da Arte do Gombrich, na ilustração tridimensional de Su Blackweel e na autópsia de Brian Dettmer.
























Os impressos estão atingindo seu ápice e a evolução dos meios digiais anuncia seu declínio. Não creio na morte deles, mas num refinamento. Uma hora haverá um colapso, por isso devemos pensar em reduzir a quantidade e melhorar a qualidade. Pensar mais em conteúdos relevantes e necessidades reais, porque a banalidade impressa ainda reina e cresce a cada estatística, mas não se sustentará por muito tempo. Minha opinião.










21.9.09

Jornalismo, ilustração e design


Ilustração 9000

Um dos maiores aprendizados que obtive trabalhando numa revista, é que todo designer e/ou ilustrador que trabalhe na imprensa, precisa ser jornalista também. Talvez não de formação, apesar de uma pós-graduação complementar na área de comunicação ser muito bem-vinda. Mas, mesmo que não haja a formação, que se tenha o espírito de um profissional da área, que goste de estar atualizado sobre os acontecimentos do mundo, que tenha curiosidade, que seja comunicativo e goste de trocar idéias ou opiniões. É preciso ser um jornalista, porque na hora de fazer um layout, uma ilustração ou inforgráfico você vai estar nessa função.


Dito assim, parece óbvio e me envergonho de ter demorado tanto tempo para admitir e aceitar a idéia de que eu só teria uma boa qualificação para o design de periódicos se eu assumisse a postura jornalística. Porém, no início desse ano percebi que não há tanta obviedade assim no meu aprendizado. Durante a Mostra Nacional de infografia 3, li um texto desse evento, escrito pelo consagrado infografista Alberto Cairo, que explicava exatamente essa necessidade, que segundo o autor, ainda não estava claro para muitos profissionais atuantes. No texto, sobre infografia, ele diz:


"a infografia não é arte; a infografia é um ramo do jornalismo que usa a arte."


"Porque, em muitas redações, o gráfico não é considerado jornalismo: é considerado 'arte'. Algo que tem que ser lindo, antes que preciso e rigoroso."


"O infografista não é um desenhista, é um criador de conteúdo"


"precisa pensar como um jornalista, agir como um jornalista e ter os conhecimentos de qualquer jornalista médio. É o único jeito de ganhar respeito profissional dentro das redações, de deixar de ser cidadãos de segunda"


"declaremos morte ao 'infografista' (...) e saudemos com alegria a chegada dos jornalistas visuais"


Na minha opinião isso vale para qualquer designer que trabalhe na imprensa.


Recomendo a leitura do texto completo. E talvez o livro Jornalismo Iconográfico (1991) também seja interessante.

18.9.09

Tipografia Fixa




Saiu a nova edição da revista eletrônica Idea Fixa. O tema é tipografia e nela estão reunidos trabalhos de 54 artistas, incluindo o homenageado Tide Hellmeister. Vale a pena a folheada virtual de suas páginas e visita aos sites pessoais dos ilustradores, tipógrafos, fotógrafos e designers presentes.


Resolvi fazer o meu Top 5 da edição, foi uma escolha difícil, deixei muito trabalho legal para trás, mas a revista esta lá, para ser usufruída. Minha lista ficou assim:

As colagens de Oliver Quinto em homenagem a Tide Hellmeister.





As linhas de Felipe Mello, que também tem um trabalho interessante, realizado em seu TCC: Guia de Informação Design Visual.






A tipografia baseada em cartazes de supermercado, de Felipe Cavalcante – Estúdio Mopa.




Thiago Santana e seus animais.





Hugo Assunção
, esse muito me encantou, gostei de todos os trabalhos de seu portfólio.

16.9.09

De peito aberto


Depois de pesquisar sobre o trabalho de Howard Schatz e me encantar por suas fotos subaquáticas, hoje, Perterson Ruiz me brinda com mais fotos do gênero, agora com a fotógrafa Elena Kalis, que pode ser vista também no Flickr. De todas as fotos, a que ilustra esse texto foi a que eu achei mais poética, dá pra criar histórias sobre ela, dá pra fazer versos, dá pra pensar no peito como asa... estou voando.

14.9.09

sobre filmes e livros

Recentemente tive um reencontro com o filme Na Natureza Selvagem e decidi ler o livro que o inspirou. Publicado pela Companhia das Letras em 1998, o livro não tem uma capa atraente e contrasta com a bela fotografia de Eric Gautier, no filme de Sean Penn.

Outro livro que eu quis ler após o filme foi Clube da Luta, mas a capa também é desanimadora. Usa a imagem do filme, mas não passa a essência da história, apenas estampa os atores que chamam atenção. O triste é que há um conteúdo muito bom que poderia ser explorado ou cenas emblemáticas do filme que poderiam ser usadas. Perdeu-se uma boa oportunidade.

Como nada está perdido, Ensaio Sobre a Cegueira, publicado em 1995 já tinha uma bela capa, criada pelo mesmo capista de Na Natureza Selvagem, Hélio de Almeida. Quando o filme foi lançado vi que tinham substituído a capa original por uma nova, com cenas do filme. Achei um absurdo, já que a primeira funcionava muito bem. Mas logo mudei de opinião, pois a Companhia das Letras não havia modificado a capa. A editora imprimiu sobrecapas com três opções de cenas do filme. Então me apaixonei pela solução e quis logo comprar um exemplar com a cena das ruas desertas.

Gosto da dobradinha cinema e literatura, já li vários livros por causa de filmes. Acho que ler é uma experiência única e insubstituível.

11.9.09

Colaboração no IPF


Foto de Howard Schatz


A semana foi menor do que eu imaginei que seria... só tive tempo de fechar a edição de Conjuntura Econômica e escrever meu post para o Imagem Papel e Fúria. Estou gostando de colaborar nesse blog, dá muito trabalho, mas me obriga a pesquisar e descobrir novas coisas. Meu primeiro post foi dia 29 de junho deste ano e escrevo a cada 15 dias. Abaixo uma lista de todos os textos que publiquei até hoje.



Leni Riefenstahl
Quem vê esse rosto de traços finos e olhar penetrante não imagina a força dessa mulher, a única na lista dos maiores cineastas do século XX. Seu filme Olímpia está entre os 100 melhores do século. Sua obra-prima é um dos filmes mais polêmicos da história do cinema.A foto acima é da personagem que ela [...]



Bill Plympton
Dia 10 começou, aqui no Rio de Janeiro, o 17º Anima Mundi. Então lembrei do longa que vi ano passado nesse festival de animação: Idiots and Angels. É uma pena que só em raros eventos podemos desfrutar de trabalhos como esse. Escrito, dirigido e ilustrado por Bill Plympton, o longa me pareceu um filme diferente [...]



Solve Sundsbo
No mundo fashion de Solve Sundsbo, os modelos se vestem de luz, cor, água, brilhos e fantasia. Se fotografar é escrever com a luz, ele conta muitas histórias, criando universos imaginários, seja através da técnica ou da insinuação conceitual. Em sua fotografia, ele gosta de sugerir a manipulação digital através de práticas convencionais, confundindo o [...]



Annie Leibovitz
Annie Leibovitz é uma dessas pessoas que conhecemos mesmo sem saber. Aconteceu comigo até o ano passado, quando diante da bela capa da Vogue, resolvi pesquisar mais sobre a icônica fotógrafa. A capa que me chamou atenção foi uma com a Nicole Kidman no set do filme Austrália, ela parecia uma deusa e flutuava, destacando-se [...]



Aloisio Magalhães
Se o princípio básico do design é levar a criação artística para o cotidiano da população, no Brasil nosso maior exemplo de como um profissional pode atingir esse objetivo é o expressivo trabalho de Aloisio Magalhães (1927-1982). Formado em direito na faculdade de Recife e artista por opção, conviveu com personalidades importantes do cenário artístico, [...]



Howard Schatz
“Quero olhar pelo visor da máquina e me apaixonar: ver uma imagem que eu nunca vi em lugar algum”. Através dessa frase percebemos o que move a criatividade do fotógrafo Howard Schatz: a paixão. Numa entrevista ele diz que procura não dar muita atenção à opinião das pessoas, porque quando ele faz uma bela foto [...]

2.9.09

Compaixão




A Companhia das letras é uma editora que eu respeito, tanto pela qualidade das publicações quanto pelo cuidado com a apresentação gráfica dos livros. Dos últimos lançamentos, o que mais me emocionou foi a capa de Compaixão, executada pelo Máquina Estúdio do consagrado Kiko Farkas. Toni Morrison tem sete livros publicados pela mesma editora, mas essa é a capa mais bonita, a que te conta mais histórias, que instiga a curiosidade de saber que mulher é esta. O que suas roupas e sapatos revelam dela? Enfim, há toda uma poética em torno da fotografia, que dialoga com o título do livro.


Amada é a obra-prima da autora norte-americana, ganhadora do Nobel de Literatura em 1993. No site da editora há um trecho do prefácio deste livro que eu achei lindíssmo, pelo visto, Toni Morrison tem uma escrita que encanta:



"Voltei para casa e examinei essa apreensão, esse pânico mesmo. Sabia como era o medo; aquilo era diferente. Então me veio como uma bofetada: eu estava feliz, livre, de um jeito que nunca havia estado, jamais. Era a sensação mais estranha. Não êxtase, não satisfação, não um excesso de prazer ou realização. Era um deleite mais puro, uma insidiosa expectativa com certeza. Entra em cena Amada. Acho agora que foi o choque de liberação que levou minhas idéias para o que poderia significar ser "livre" para as mulheres."








Também gosto das capas da série Companhia de Bolso, essa é uma delas!

Como se vê, eu compro livro pela capa, milhares de pessoas compram. Não somente por ela, obviamente. Assim como nos relacionamentos, um bom conteúdo pode garantir a fidelização, mas num mundo com tantas ofertas, encantar à primeira vista é fundamental para garantir o primeiro contato. Nada de novo, mas ainda existem pessoas desprezam a estética...