20.4.10

O mistério está no kerning

Recebi o texto O silêncio e o segredo na Literatura no mesmo dia que tive tempo de visitar o site do artista e designer Sam Winston. Encontrei neles uma sintonia perturbadora. O texto fala sobre a força do silêncio e do inacabado na literatura.


Vi no trabalho de Winston uma busca frenética pelo mágico substrato desse silêncio. Ele toma as palavras e as disseca, como se estivesse querendo extrair delas o mistério, que em sua integridade não podem expressar. É possível que no espaço entre uma letra e outra, onde os designers costumam chamar de kerning, ali talvez se encontre um fragmento palpável do inexprimível. Em sua investigação, o corpo do texto é enriquecido de significados, que acabam nos preenchendo do mesmo silêncio observado na literatura, materializado no vazio da página.














Parece que no mundo digital em que vivemos não há espaço para os brancos das páginas, para os silêncios, nem para a literatura. Precisamos preencher cada pixel com desenhinhos, convivemos com o excesso de ruídos e temos tanta informação que nos escapa o mistério.

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