29.6.09

Parceria
















A partir de hoje, além de escrever nesse blog e no Cinéfila em Transe, estou colaborando com um de meus blogs favoritos, o Imagem, Papel e Fúria. Minha intenção é escrever sobre artistas e designers consagrados, mostrando um pouco do trabalho e universo visual deles. O primeiro texto foi sobre Leni Riefenstahl, uma das minhas fotógrafas favoritas. Confira nesse link.

22.6.09

Capas e seus paradoxos

Issues New Magazine Design #5

“The Sales fuction of a magazine covers in general can be divided in two sometimes conflicting parts: the cover has to sell the idea of the magazine as a whole while at the same time expressing the fact that this is a new issue of that particular magazine.”

A função da capa é atrair o público que compra a revista. Para isso ela precisa desempenhar dois papéis conflitantes: manter a identidade da publicação e frisar que é uma nova edição. Ela precisa ser imediatamente reconhecida e nesse sentido deve preservar certos aspectos ao longo de sua história. No entanto, é preciso ser reconhecida como novidade, deve mostrar que é diferente. Sempre que trabalhamos com periódicos temos que cuidar desse delicado equilíbrio entre manter-se reconhecível, mas surpreender para atrair o leitor à nova edição.

Quanto maior a periodicidade mais difícil é manter esse equilíbrio. As revistas semanais precisam ter um ritmo de mudança mais forte para marcar rapidamente a nova edição nas bancas. A constância é mantida no logotipo, mas a imagem e a forma de apresentar as chamadas mudam constantemente. A Time mantém uma borda vermelha para destacar-se. A The Economist, muda drasticamente o tipo de imagem usada a cada nova edição, mas possui uma identidade constante com um logotipo e uma espécie de etiqueta no topo da página, onde chamadas secundárias são colocadas, deixando o restante do espaço para fortalecer a matéria principal.



















Quero destacar duas revistas de nomes parecidos, mas com focos e identidades distintas. A primeira chama-se i-D, uma revista sobre moda, arte e comportamento jovem, seu nome é uma piscadela tipográfica e seria também a abreviação de “identity”. A capa é sempre despojada, trazendo uma personalidade piscando. É impressionante a capacidade de variação sobre um único tema. Vale a pena um passeio pelas capas no site da revista.

A segunda, chama-se I.D. – abreviação de Intenational Design. As capas costumam trazer apenas uma chamada e ter imagens claras em relação ao tema.

























No Brasil, considero a Vida Simples e a Piauí as capas mais reconhecíveis a longa distância. Não é necessário ler o logotipo para identificá-las. Na última, o formato e o tipo de papel ajudam bastante, mas a Vida Simples é concisa quando diz ao que veio. Essa clareza tem a ver com o conteúdo dela e tudo se encaixa perfeitamente.

19.6.09

Mais sobre acabamentos

Essa semana, encontrei uma abcDesign antiga em casa, com uma capa que eu adoro e que exemplifica bem a questão do acabamento especial usado com inteligência, reforçando a mensagem da imagem.





Defendendo a idéia de que design é algo que está no sangue, a capa traz uma bolsa de sangue que salta do papel com um relevo e veniz localizado, dando a sensação do objeto plático que a bolsa é. Linda, chego a ver meu sangue escorrendo por ali.

Há duas semanas vi a capa da edição de junho da Computer Arts inglesa, outro bom exemplo com aplicação de acabamentos especiais. Dessa vez, dobraduras que abrem janelas para formar a palavra "Birth". O editor, no site da revista, diz que o trabalho chama a atenção do leitor e o convida a interagir com a publicação. Acho interessante quebrar um pouco a idéia de que interação é uma característica quase que exclusiva do universo digital. Há interatividade nos impressos, basta saber usar a mídia. Interessante notar que essa é uma revista sobre arte digital, logo interativa, mesmo quando impressa. Mais uma vez, conceito e acabamentos andam juntos.

















Fotos tiradas do blog do Jeremy Leslie.

17.6.09

Acabamentos Gráficos

Piauí com Hot Stamping, porque no Natal tudo brilha em vermelho, rs rs

Audi magazine com verniz localizado no logotipo e hot stamping dourado sobre chapado em pantone prata: tarja do título, imagem do centro e chamada. Possivelmente, laminação brilho.




Semana passada fiz uma visita à empresa de acabamentos gráficos H&D finishing. Como se diz nessa empresa, apesar dos clientes deles serem as gráficas, quem cria precisar ter conhecimento e consciência sobre o processo. Assim se evita problemas e conseguem-se trabalhos de qualidade. Por isso eles estão sempre abertos para mostrar o que fazem.

Há muito tempo eu não fazia uma visita técnica, e percebi o quanto faz falta. Estar ciente dos limites e possibilidades de cada técnica, saber qual o melhor procedimento para o fechamento do arquivo, que materiais podem ser usados, olhar trabalhos já executados, enfim, manter o diálogo com quem faz. Numa breve conversa pude aprender bastante e alguns pontos foram marcantes.

Relevância, é importante pensar que um acabamento gráfico deve valorizar o impresso, portanto, moderação e inteligência são fundamentais. Vi trabalhos onde o verniz se confundia com a imagem do fundo e nada sobressaía. Alguns tinham tantos acabamentos que um ofuscava o outro.

Conceito, esse é outro fator importante – parece redundante dizer isso para designers, mas não é. Vi uns trabalhos lindos, onde o acabamento usado reforçava a imagem, o texto, a mensagem.

Na era digital em que vivemos, o impresso deixou de ser mero arquivo e disseminador de informações, essa função está sendo passada para o universo virtual. Agora é o momento de explorar outras qualidades desse material. Texturas, relevos, cheiros, movimentos e tudo mais que seja próprio do papel deve usado, porque essas são experiências que não encontramos em pixels.

Por fim, fiz algumas anotações e compartilho:

Relevo
Usando um clichê, podemos fazer relevos com variações de até quatro alturas.
Assim é possível ter desenhos complexos e texturas, dando um aspecto tridimensional ao trabalho. Para este processo é aconselhável um papel com gramatura superior a 200g.

Hot Stamping
Existem vários tipos de películas para este acabamento: metalizadas, holográficas, raspadinha e em cores diversas.

Offset UV
Ao invés da tinta, usa-se o verniz fosco ou brilho, imprimindo no material um chapado total. Serve principalmente para proteger o trabalho.

Serigrafia UV
Utilizado para localizar o verniz.
O papel sem cobertura exige uma quantidade maior de veniz e, consequentemete, uma trama maior para a matriz serigráfica.

Vernizes
Existem vários tipos: fosco, brilho, texturizado, perolado e todos são incolor. Eles aceitam aditivos como a purpurina e o aroma. A cor é sempre impressa.

Ultra Violeta
Todos os processos com veniz passam pela luz UV no final da impressão para fixação.

Laminação
Fosca, brilho e prata.
O processo é feito por pressão e calor, podendo ser separado para reciclagem do papel, diferente da plastificação. A laminação em filme prata precisa de uma impressão com tinta branca para receber algum detalhe ou texto em offset, que se deseje manter o fundo branco.

8.6.09

Forma e função

Issues New Magazine Design #4

“A magazine can be any size and format deemed suitable”

Lombada quadrada ou canoa. Colorida ou uma cor. Couchê ou offset.Com 59,4 cm de altura ou apenas 10,5 cm. Ou melhor: impressa, sem lombada. Paleta RGB, em CD, do tamanho do seu monitor...

O que define uma revista?

Que característica é responsável pelo reconhecimento de uma publicação como uma revista? Como posso reconhecê-la? Ligo a TV e o apresentador me diz que estou assistindo uma revista, navego pela internet e encontros vários sites que se dizem revista. Descubro uma revista em formato de camisas...

Num bate-papo descubro que a palavra revista pode me dar uma pista de como a identificar:

S. f. 1. Ato ou efeito de revistar.

Ou seja, quando faço um apanhado de coisas, seleciono e divulgo, estou fazendo uma revista ou uma revisão sobre determinado assunto ou período de tempo. O que a define é intangível: projeto editorial, nome e periodicidade. O diretor de arte pode ter liberdade ao extremo e fazer o que desejar, mas estará sempre submetido ao editorial. É por isso que a frase do livro termina com “suitable”, apropriado. O design é apenas o porta-voz das intenções de quem publica. Eis a importância de se estar em sintonia com as idéias do editor.

Minha última descoberta em termos de formatos diferentes foi a Abe's Penny uma micro-revista em formato de cartão postal. Funciona assim: a cada semana você recebe um postal com uma foto e um texto pequeno no verso, dentro do mês os postais fecham uma história, um assunto, uma edição. Ela usa o formato e o conceito dos postais apropriadamente. A proposta resgata o antigo hábito de trocar postais. A editora Anna Knoebel explica que a intenção é criar mais um espaço de troca de experiências. Como em qualquer outra revista. Gostei da proposta e pretendo usufruir dela em breve.