Começo a defender o design autoral, com alma, onde nossas opiniões, convicções e dúvidas servem de combustível para o desenvolvimento do trabalho. O design, deve suprir também outras necessidades: do cliente, do público em questão, do financeiro, dos prazos... Mas a semente está na experiência e na vivência que temos. O que expresso no layout da revista tem a ideologia da empresa em que trabalho, os interesses dos leitores e um pouco de mim.
Se por um lado o trabalho é um reflexo nosso, por outro ele é uma projeção. Se por um lado me expresso na revista, por outro me projeto nela também. O que nos atrai carrega um pouco de nós ou do que desejamos ser. Nesse sentido e mostrando o fascínio que existe nas revistas, acho o trabalho do Peter de Brito muito corajoso ao deixar explícito esse reflexo mútuo entre criador e criação.
Outro trabalho delicioso sobre reflexos e projeções em revistas é o do Vik Muniz, com confetes de revista. No catálogo de sua recente exposição há um histórico muito interessante do conceito deste trabalho: “No Brasil, Vik alcançou certa celebridade, o que possibilitou seu encontro com outras celebridades. Ele achava difícil ‘casar’ a pessoa real com aquela que ele havia conhecido através da mídia e procurou reproduzir essa dificuldade de ‘montar’ uma pessoa através da sua imagem pública”. A imagem abaixo é um autorretrato, afinal, ele mesmo havia se tornado uma personalidade midiática.
Creio que esses dois trabalhos debatem, cada um de um ponto de vista. Peter de Brito não se tornou celebridade, mas projetou-se nas capas de revistas. O célebre Vik Muniz não se viu refletido em suas fotos estampadas nas revistas e reconstruiu seu retrato. No meio disso, estou buscando meu reflexo e descobrindo o que projeto nas revistas. E você?
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